sexta-feira, 29 de julho de 2011

CNPq divulga editais para concessão de bolsas na segunda-feira

O programa Ciência sem Fronteiras começa a sair do papel na próxima segunda-feira (1º), data em que o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) divulgará as regras e os primeiros editais para concessão de bolsas no site do programa.
A informação é do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que participou nesta quinta-feira do programa de rádio "Bom Dia, Ministro", feito pela EBC Serviços em parceria com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Segundo o ministro, o governo quer acelerar "a possibilidade de ter uma universidade de classe mundial" e "desenvolver a economia do conhecimento".
"Tem que preparar o enxoval para ter casamento, nós estamos preparando esse enxoval", disse o ministro no rádio.
Em quatro anos, o programa concederá bolsas de estudo a cem mil brasileiros para cerca de 20 áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional, inovação tecnológica e registro de patentes na área de engenharia, tecnologia e ciências da saúde.
O CNPq e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) fornecerão 75 mil bolsas. O governo pretende que as 25 mil restantes sejam custeadas pela iniciativa privada.
SETOR PRIVADO
Multinacionais, como a British Gas e a Portugal Telecom, e entidades como a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) já manifestaram interesse em custear a formação de pesquisadores e até estágios no exterior, afirma o ministro.
O programa Ciência sem Fronteiras terá quatro modalidades. A Bolsa Brasil Graduação será destinada a alunos com melhor aproveitamento e terá duração de um ano (sendo seis a nove meses cumpridos no meio acadêmico e o restante em empresas ou centros de pesquisa e desenvolvimento no exterior).
A Bolsa Brasil Jovem Cientistas, com duração de três anos, é destinada a pesquisadores em início de carreira (doutorandos) que tenham produção científica destacada.
Também terão bolsas os especialistas e engenheiros empregados na iniciativa privada ou instituições de pesquisa tecnológica que tenham sido aceitos nas melhores universidades do mundo para treinamento de até 12 meses.
Além dessas bolsas haverá modalidades para estrangeiros e, especialmente, brasileiros radicados no exterior que queiram ser pesquisador visitante especial no Brasil durante três anos e recebam estudantes e pesquisadores brasileiros no seu laboratório no exterior.
Mercadante avalia que a boa fase da economia brasileira, a crise financeira na Europa e o problema de orçamento do governo norte-americano vão favorecer o intercâmbio com pesquisadores estrangeiros e estimular o regresso de brasileiros que vivem no exterior. Até 2014, o governo deverá investir R$ 3,16 bilhões no programa: R$ 1,7 bilhão da Capes (40 mil bolsas) e R$ 1,4 bilhão do CNPq (35 mil bolsas).
Com os recursos das duas agências, mais de 27 mil bolsas serão destinadas a alunos da graduação; 24,6 mil para estudantes de doutorado sanduíche (um ano); cerca de 9,8 mil para doutorado integral; e 8,9 mil para pós-doutorado.
Haverá 2.660 vagas para estágio sênior de seis meses: 700 para treinamento de especialistas de empresas no exterior; 860 para jovens cientistas; e 390 para pesquisadores visitantes especiais no Brasil.

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Em MS, Pantanal sul sofre efeitos da maior cheia dos últimos 20 anos


A região sul do Pantanal está sofrendo tardiamente os efeitos da maior cheia dos últimos 20 anos ocorrida em três sub-bacias pantaneiras localizadas ao norte, em território sul-mato-grossense. Em Porto Murtinho, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, o nível do Rio Paraguai chegou a 6,82 metros no dia 25 de julho, de acordo com a régua da Agência Fluvial da Marinha. O marcador pode chegar mais próximo dos 7 metros até o fim de julho.
Na ilha fluvial Margarita, que fica em frente à sede do município brasileiro e pertence ao Paraguai, a população enfrenta problemas com o elevado nível do rio. Residências e comércios estão com água na porta, e alguns atracadouros ficaram submersos. O gerente de uma loja, o brasiguaio Márcio Riquelme, disse que há 15 anos não via uma cheia tão grande como a atual. "Tem um vizinho que a loja está com um metro e meio de água. Na minha loja ainda não chegou, mas o movimento de clientes caiu bastante", relata.
Na zona rural, pecuaristas tentam evitar prejuízos recolhendo o rebanho até as partes mais altas nas fazendas. Já na área urbana da cidade de 15 mil habitantes, um dique protege a cidade de alagamentos e suporta cheias de até 10 metros.
A elevação do Rio Paraguai em Porto Murtinho já era prevista pelos pesquisadores da Embrapa Pantanal, que fazem comparações entre a régua daquela cidade e a de Ladário, situada a cerca de 500 quilômetros em direção à nascente. O 6º Distrito Naval da Marinha em Ladário mantém desde 1900 uma régua de medição.
Em julho deste ano, a régua de Ladário marcou 6 metros, índice considerado acima da média. Na última década, o nível máximo atingiu 5,40 metros, em junho de 2006. Já o mínimo registrado pelo instrumento foi de 0,88 metro em novembro de 2005.
De acordo com a Embrapa, o volume maior de água - em parte ocasionado pelas chuvas de fevereiro e março nas sub-bacias do Aquidauana, Rio Negro e Miranda - foi o que provocou a elevação do nível do Rio Paraguai ao sul do Pantanal. Como o relevo pantaneiro é de baixa declividade (não mais de 1 metro por quilômetro em sentido leste-oeste e até 5 centímetros no norte-sul), as águas podem levar meses até escoar para o rio.
Chuvas acima da média
Em março deste ano, as populações das cidades ribeirinhas de Aquidauana e Anastácio, situadas no pantanal sul-mato-grossense, viveram os efeitos da chuva intensa na região. A precipitação provocou a cheia do Rio Aquidauana, que divide as duas cidades onde vivem 70 mil pessoas. As águas chegaram a nove metros de altura e transbordaram do leito. Como consequência, mais de 850 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas, além de danos a imóveis, estradas, pontes e prejuízos na zona rural.
O tentene Landis, do Corpo de Bombeiros em Aquidauana, trabalhou no mutirão de resgate das famílias que viviam às margens do rio. Ele conta que algumas pessoas não queriam abandonar seus imóveis. "Teve um rapaz que nos procurou dizendo que o pai dele, um idoso, não queria sair da casa. O senhor ergueu todos os móveis na altura do teto. Foi difícil, mas convencemos o idoso a sair", diz Landis.
A enchente sem precedentes na história recente das duas cidades mobilizou mais de 200 pessoas para ações de resgate e auxílio, entre membros do Corpo de Bombeiros, Exército e prefeituras. Após serem removidas dos locais de risco, as famílias foram transferidas para abrigos improvisados em escolas, ginásios e igrejas. Apesar da calamidade, não houve registros de afogamento ou morte no período, segundo Landis.
As cidades de Aquidauana e Anastácio margeiam o rio que é um dos afluentes do Pantanal. Toda a região pantaneira é caracterizada por ciclos prolongados de cheia e seca, alternadamente. Segundo meteorologistas, o fim da estação de verão também marca a proximidade do término do período chuvoso, que dura de outubro a março.
De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos (Cemtec-MS), a média histórica de precipitação na região de Aquidauana e Anastácio é de 125 milímetros em março. Mas neste ano, apenas nos primeiros 13 dias de março, choveu 216,6 milímetros, ou 173% do esperado para o mês inteiro. A meteorologista Cátia Braga aponta as causas da concentração severa de chuva: "O que provocou o fenômeno foi a Zona de Convergência do Atlântico Sul, que fica bem caracterizada nos meses de verão e altera o regime de chuvas nas regiões por onde passa", diz.
As águas pluviais também deixaram estragos na zona rural, onde a pecuária constitui uma importante fonte geradora de riquezas. O presidente do Sindicato Rural de Aquidauana, Timóteo Proença, estima prejuízo de até 20% do rebanho dos produtores da região por causa da enchente. "Sempre fazemos o manejo do gado para as partes mais altas, mas este ano foi uma cheia diferente, atípica", conta.
Embora o pantanal seja regulado pela alternância de fenômenos climáticos intensos, seus efeitos são extremamente benéficos para o bioma, de acordo com o doutor em recursos hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (Semac), Felipe Dias. "É a cheia que mantém o equilíbrio e a diversidade da vida no pantanal", afirma. Condição que se confirma pelos pecuaristas. "Depois da cheia fica ótimo, o pasto se renova e as águas eliminam naturalmente as pragas", diz Timóteo Proença.
"O produtor tradicional sabe que em determinadas épocas pode ou não manejar o gado. Por isso consegue trabalhar de forma harmônica com a natureza. Quem pensar que pode adotar as mesmas práticas do planalto, irá falhar", explica Dias.
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novo algoritmo detalha evolução humana

Um novo algoritmo de análise genômica dá novos detalhes sobre a migração humana da África, há cerca de 60 mil anos.
Com ele, pesquisadores do Instituto Sager do Welcome Trust, no Reino Unido, encontram fortes indícios de que grupos africanos, europeus e asiáticos continuaram a trocar material genético muito depois que o imaginado.
Os dados foram publicados na Nature, uma das mais importantes revistas científicas do mundo
Basicamente, o que essa análise completa de indivíduos de diferentes populações mostrou foi que o cruzamento entre os grupos continuou muito depois do êxodo original.
A equipe sequenciou e comparou setes genomas de machos de diferentes lugares: um da China, três da Europa, um da Coreia e dois do oeste da África. Cada genoma contem informações sobre a mãe e o pai do indivíduo e, ao analisar a longa sequencia completa, é possível combinar as informações de milhares de pontos para criar uma historia das diferentes contribuições de cada ancestral. Também dá para relacionar dois diferentes ancestrais comparando os cromossomos X de dois machos – uma vez que cada macho só possui uma cópia do X, sabe-se que esta cópia veio de sua mãe.

A partir desses dados, foi criado um modelo estatístico que revelou uma história um pouco diferente da que se acreditava...
Saída da África
O homem moderno surgiu na África há mais de 100 mil anos. Os indícios revelam que houve um aumento grande da população nesse período. Há cerca de 60 mil anos, alguns indivíduos começaram a migrar para Europa e Ásia – e há uma redução dramática da população, um gargalo que durou até 20 mil ou 40 mil anos atrás.
No entanto, ao contrario do que se acreditava, a nova pesquisa revela muitas evidências de troca de material com populações africanas por dezenas de milhares de anos após este gargalo.
Os indícios genéticos mostram que as populações europeias e do leste da Ásia foram reduzidas a cerca de 1/10 de seu tamanho anterior logo após migrarem da África. Esses dados coincidem com o período em que fósseis e artefatos humanos começam a aparecer na Europa e Ásia. Ainda assim, por pelo menos mais 20 mil anos, as populações da África e fora dela não eram geneticamente separadas.  Uma nova explicação recém-elaborada pode ser a de que imigrantes da África continuaram a se juntar às populações fora do continente muito depois do seu êxodo original.
Embora embasados em uma rigorosa análise, esses dados estão ligados a uma tarefa nada fácil: fazer o sequenciamento de um genoma completo. O algoritmo desenvolvido pelos pesquisadores poderá agora ser alimentado com mais dados ao longo do tempo. Projetos como o The 1000 Genomes Project, por exemplo, podem servir para torná-lo ainda mais preciso.
Arqueologia
O trabalho é uma verdadeira arqueologia genômica: analisando material genético de indivíduos hoje, os pesquisadores conseguem inferir muitas coisas, como o tamanho de uma população no passado, bem como a sua história.
Este trabalho é feito normalmente avaliando trechos específicos do genoma de cada indivíduo. O diferencial da pesquisa liderada pelo Dr Richard Durbin, no entanto, é avaliar e comparar o genoma completo.  A técnica implica em menos deduções do que os métodos atuais.
http://info.abril.com.br
Fonte: 

Cientistas apresentam dente criado a partir de células-tronco

Pesquisadores da Universidade de Ciência de Tóquio apresentaram hoje imagens de um dente desenvolvido a partir de células-tronco de camundongo.
O processo de bioengenharia do dente, que foi implantado na mandíbula de um camundongo, permitiu a composição de todas as suas diferentes estruturas, incluindo canal e osso.

Cientistas descobrem seis novas espécies de mariposas

Novos insetos foram encontrados nos EUA e na Costa Rica.

No estudo, pesquisadores alertam para o desaparecimento de espécies.


Pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e da Universidade da Costa Rica descreveram seis novas espécies de mariposas do gênero Eucalantica. A descoberta foi publicada no jornal científico "Zookeys".
Foram descritas as espécies E. costaricaeE. ehecatlellaE. IcarusellaE. powelli e E. pumila(sendo que estes exemplares foram encontrados na Costa Rica), além da E. vaquero, encontrada no sul dos Estados Unidos.
De acordo com Kenji Nishida, um dos principais condutores da pesquisa, a descoberta sugere a existência de uma alta densidade destas mariposas na região da América Central.
"O gênero Eucalantica é mais diversificado e bem distribuído do que se pensava anteriormente", afirmou Nishida. Segundo a pesquisa, menos de 20% de exemplares desta espécie foram descritos. Os cientistas alertam para o desaparecimento rápido de insetos que sequer foram descobertos.
No estudo científico, os autores cobram inventários taxonômicos mais intensificados nesta área, além de medidas de conservação em grande escala para proporcionar uma documentação mais completa da biodiversidade.
http://g1.globo.com
Fonte: 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Europa começa testes de remédio anti-HIV feito com tabaco


Pela primeira vez na pesquisa farmacêutica europeia, cientistas lançaram um ensaio clínico com um remédio anti-HIV criado pela biotecnologia usando tabaco geneticamente modificado, planta mais conhecida por prejudicar a saúde humana. A ação marca um avanço no campo emergente da agricultura molecular, capaz de oferecer uma maneira mais barata de produzir drogas e vacinas a partir da biotecnologia, comparando com os sistemas tradicionais da indústria.
Depois de obtido o sinal verde dos reguladores, o anticorpo monoclonal está sendo testado em um pequeno estudo envolvendo 11 mulheres saudáveis na Grã-Bretanha. Ele foi desenhado para ser usado como microbicida vaginal a fim de evitar a transmissão do HIV durante o sexo. Se o estudo da Fase I for bem-sucedido, ensaios maiores serão feitos e os pesquisadores preveem que o novo anticorpo, o P2G12, será combinado com outros em um microbicida que ofereça uma ampla proteção contra o HIV/Aids.
O ensaio é um marco para o projeto Pharma-Planta, lançado em 2004 com 12 milhões de euros (US$ 16,8 milhões) financiados pela União Europeia. No momento, drogas caras - como os tratamentos anticâncer da Roche Herceptin e Avastin - são produzidas em culturas de células dentro de tanques de aço inoxidável. Os defensores da agricultura molecular acreditam que as drogas feitas a partir de proteínas podem ser produzidas de forma mais eficiente e barata dentro de plantações geneticamente modificadas, uma vez que as plantas são produtoras de proteínas com uma relação custo-benefício extremamente positiva.
O coordenador do projeto, Julian Ma, professor de imunologia molecular da Universidade de Londres, em St Georges, disse a jornalistas nesta terça-feira que a autorização para o ensaio clínico era um reconhecimento de que os anticorpos poderiam ser fabricados em plantas com a mesma qualidade dos produzidos nas fábricas. O anticorpo em teste foi descoberto pela empresa privada de biotecnologia Polymun, da Áustria.
http://www.noticiashoje.com.br
Fonte: 

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cogumelo que emite luz é encontrado no Brasil após 170 anos


Fungo bioluminescente é o maior do Brasil e um dos maiores do mundo.

Pesquisadores encontraram no Piauí um cogumelo que emite luz e que tinha sido avistado pela última vez há quase 170 anos. A pesquisa do grupo de cientistas da USP e das universidades americanas de São Francisco e de Hilo, no Havaí, será publicada na revista científica Mycologia.
O Neonothopanus gardneri é o maior fungo bioluminescente do Brasil e um dos maiores do mundo.
'Já tinha encontrado alguns cogumelos que emitem luz no Brasil, mas menores, alguns do tamanho de um fio de cabelo', disse à BBC Brasil o professor Cassius Vinicius Stevani, do Instituto de Química da USP. 'Este foi o maior, um grupo deles emite quantidade considerável de luz', afirmou.
'Flor de coco'
Em 1840, o cogumelo foi descoberto pelo botânico britânico George Gardner quando viu garotos brincando com o que pensou serem vagalumes nas ruas de uma vila onde hoje fica a cidade de Natividade, em Tocantins.
Chamado pelos locais de 'flor de coco', o fungo bioluminescente foi classificado como Agaricus gardeni e não foi mais visto desde então.

'Fiquei sabendo que existiam ainda fungos assim por volta de 2001. Nos anos seguintes, me chegavam relatos de Tocantins e Goiás de um cogumelo grande, amarelo, que emitia uma luz', diz Stevani. 'Mas fotografia mesmo vi só em 2005, uma tirada no Piauí', afirma ele, que já participou de expedições noturnas para a coleta do cogumelo. 'As buscas acontecem em noites escuras, de lua nova, com as lanternas desligadas', explica.
Curiosamente, o cogumelo ainda é conhecido popularmente em várias partes do país como 'flor de coco'. Existem 71 espécies de fungos que emitem luz, 12 delas estão presentes no Brasil . A ciência ainda não desvendou o processo químico que permite que o fungo produza luz, nem a razão disso.
Uma das teses consideradas é a de que a luz é emitida para atrair insetos noturnos, ajudando os fungos a dispersar seus esporos para a reprodução. Outra diz que a luz atrai insetos predadores que atacam insetos menores que se alimentam do fungo.
Da BBC Brasil


Fonte: http://g1.globo.com

Pesquisadores usam propólis para combater cáries


Um grupo de cientistas mexicanos usam própolis, uma substância produzida pelas abelhas, para combater as cáries e estuda se tem propriedades que auxiliam no combate à hipertensão, revelou nesta segunda-feira a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).
A estrutura química dessa substância "varia de acordo com fatores como a estação do ano, a floração e a região onde os insetos fazem suas coletas", acrescenta a nota.
José Fausto Rivero Cruz, da Faculdade de Química, e os médicos veterinários zootecnistas Ángel López Ramírez e Adriana Correa Benítez são os responsáveis pela pesquisa, cujo objetivo é fomentar o uso e o aproveitamento de um "recurso desperdiçado" no México.
Sendo assim, os estudiosos da UNAM estimam que no México são aproveitadas apenas seis toneladas anuais de própolis, apesar de o país ser considerado o sexto produtor de mel no mundo.
Atualmente no país, o própolis é utilizado com mais frequencia na prevenção e no tratamento da tosse, embora sua ação terapêutica seja variada e sirva também para tratar outras casos como cicatrizes, inflamações, alergias, virus e dores.
Os cientistas comprovaram os efeitos dessa substância sobre os microorganismos que causam as cáries - Porphyromonas gingivalis e Streptococcus mutans - e já conseguiram isolar alguns compostos que servem para combate-las.
Alguns compostos atuam sobre as enzimas "glicosiltransferasas de Streptococcus mutans", responsáveis pelo aumento na produção da placa bacteriana, e outros inibiram o crescimento das bactérias em diferentes focos.
O estudo dos benefícios do própolis no combate à hipertensão, por outro lado, marcha mais devagar.
"Com estas descobertas é possível prevenir as cáries", disse Rivero Cruz.
Com apoio do Governo da capital mexicana, os pesquisadores desenvolvem um projeto para determinar o efeito cardiovascular dos compostos de própolis, já que "em outros países são empregados para doenças de circulação, cardíacas e de hipertensão", disse.
Para isso, os especialistas vão ter que separar os compostos com procedimentos químicos e avaliar a reação biológica, e depois, em colaboração com a Universidade Autônoma de Querétaro, farão testes com a aorta isolada de ratos.
Posteriormente, algumas cobaias vão tomar a substância via oral para descobrir os efeitos na pressão arterial.
As duas pesquisas vão ser realizadas com 15 tipos de própolis, concedidos por produtores do Centro Ecológico Acuexcómatl, e por apicultores das zonas rurais de Topilejo em Tlalpan, Xochimilco e Milpa Alta, na Cidade do México.
]Fonte: http://g1.globo.com
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Retrocesso no ensino superior

terça-feira, 5 de julho de 2011

GASES TÓXICOS

Os gases tóxicos podem ser classificados, segundo seus efeitos, em irritantes, asfixiantes simples e asfixiantes químicos.
Os gases irritantes são substâncias de ação local que agridem o aparelho respiratório e os olhos, e podem levar à inflamação tecidual, com risco de infecção secundária. São percebidos pelos seres humanos homem em concentrações baixas.
Eles podem produzir efeitos irritantes no trato respiratório superior e inferior, mas o risco principal e a localização primária dos sintomas dependem grandemente da sua solubilidade em água e da concentração à qual os indivíduos se expõem. Assim, os gases irritantes são divididos em dois grupos principais, baseado na sua solubilidade em água:
  • Gases altamente solúveis, como amônia e cloro, que são bem adsorvidos pelo trato respiratório superior e rapidamente produzem efeitos nas membranas mucosas dos olhos, nariz e garganta.
  • Gases menos solúveis, como fosgênio e dióxido de nitrogênio, são lentamente adsorvidos pelo trato respiratório superior e podem atingir o trato respiratório inferior, onde sua toxicidade será exercida.
Efeitos clínicos
De uma forma geral, a exposição é via inalatória. Os efeitos tóxicos sumarizados a seguir.
Em caso de inalação, aparecem cefaléia, conjuntivite, rinite, faringite, laringite, secura e insensibilidade nasal, hemorragia, edema de glote, edema laríngeo, pneumonite, bronquite. Pode ocorrer taquipnéia, sibilos, tosse, infiltrado pulmonar e síndrome disfuncional reativa das vias aéreas.
A exposição cutânea causa eritema e queimadura. 
Os asfixiantes são classificados, de acordo com o seu mecanismo de ação tóxica em:
  • Asfixiantes Simples: são gases inertes, porém, quando em altas concentrações em ambientes confinados, reduzem a disponibilidade do oxigênio. Desta forma, a substância ocupa o espaço do oxigênio na árvore brônquica. Ex.: gases nobres, dióxido de carbono (CO2), metano, butano e propano (GLP - gás liquefeito de petróleo).
  • Asfixiantes Químicos: são substâncias que impedem a utilização bioquímica do oxigênio (O2). Atuam no transporte de oxigênio pela hemoglobina (Hb) e impedem o uso tecidual do oxigênio. Ex.: monóxido de carbono e substâncias metahemoglobinizantes, cianeto e gás sulfídrico (H2S).
 Gases irritantes

Fosgênio
O fosgênio (COCl2) ou cloreto de carbonila ou cloreto de clorformila é um gás incolor, não combustível, irritante, altamente tóxico e facilmente liquefeito. Em baixas concentrações seu cheiro é descrito como semelhante ao do milho verde. Em altas concentrações, tem um cheiro descrito como sufocante, forte e pungente.
Segundo a Occupational Safety and Health Administration (OSHA – EUA), o limite de exposição máximo permissível (média para 8 horas de trabalho) é de 0,1 ppm e a concentração imediatamente perigosa à vida e à saúde (IDLH) é de 2 ppm. O odor não é advertência suficientemente segura para identificar concentrações de risco, posto que seu limite de detecção é de 0,4 a 1,5 ppm, ou seja, várias vezes o valor do limite de exposição máximo permissível.
O fosgênio pode ser produzido ou resultar da decomposição/combustão, ou da exposição à luz, de compostos orgânicos clorados. Pode ainda ser produzido durante a soldagem de superfícies metálicas que tenham sido limpas com hidrocarbonetos clorados. Ele reage com a água, o álcool e vários outros produtos químicos. É utilizado como intermediário na manufatura de inúmeros produtos industriais, tais como os isocianatos e seus derivados, inseticidas, herbicidas, medicamentos e outros.
O gás foi utilizado como gás de guerra, devido ao seu potencial tóxico. É usualmente encontrado na forma de gás liquefeito comprimido. Ele é mais pesado que o ar e tem baixa solubilidade em água, em presença da qual forma ácido clorídrico e gás carbônico.

Toxicocinética
A inalação é a principal via de exposição ao fosgênio.

Quadro 1 – Classificação dos gases tóxicos e sintomas das intoxicações.
Gases de ação irritante
intensa
moderada
leve
Derivados sulfúricos
Aldeídos 
Flúor
Amoníaco
Acroleína
Cloro e derivados
Ozônio
Brometo e Cloreto de metila
Vapores nitrosos
Gases Asfixiantes
Monóxido de carbono
Dióxido de carbono
Cianetos e derivados

É importante ressaltar que as equipes de emergência que atuam no resgate de vítimas de intoxicação com gases devem ser treinadas, não só na identificação do tipo de gás e conduta inicial, mas também quanto às medidas de proteção, para entrarem na zona de risco (zona quente) para o resgate. Se não tiverem liberação para entrada na área de risco, se não utilizarem equipamentos de proteção adequados, ou se não estiverem treinados para utilizá-los, podem tornar-se também vítimas da intoxicação, não efetivando o resgate e podendo chegar ao óbito.


Toxicodinâmica e Quadro Clínico
O fosgênio reage diretamente com as aminas, os grupos sulfidrilas e os álcoois das células, afetando as macromoléculas e o metabolismo celular. A toxicidade direta na célula leva a um aumento da permeabilidade das membranas, resultando no extravasamento de fluidos e na diminuição do volume plasmático.
O fosgênio é um poderoso irritante de mucosas, provavelmente pela hidrólise local que causa e pela produção secundaria de ácido clorídrico que lesa a superfície celular levando-a à morte. Este processo local causa uma resposta inflamatória sistêmica, mas, como a hidrólise é lenta, a sintomatologia respiratória pode demorar de 30 min a algumas horas antes de se manifestar, ou ter seu início ser muito tardio, em 48 horas. Quanto mais severa a exposição, menor o período de latência.
O fosgênio estimula ainda a síntese de leucotrienos, derivados do ácido araquidônico, que agem sobre os neutrófilos, causando sua massiva acumulação nos pulmões, e sobre a permeabilidade vascular, contribuindo para o edema pulmonar.
O quadro clínico da intoxicação aguda mostra alterações:
  • Respiratórias: após inalação, e dependendo da concentração, o fosgênio pode não causar sintomas inicialmente, ou apresentar sintomas de irritação leve das vias aéreas, tais como secura e ardência na garganta e tosse. No entanto, os sintomas vão evoluir com dispnéia, dor torácica, hemoptise, edema pulmonar tardio e severo, congestão pulmonar, cianose e insuficiência respiratória. A infecção pulmonar pode surgir como complicação. Uma fibrose e um enfisema pulmonar ocorrem nas exposições crônicas.
  • Cardiovasculares: a falência cardíaca pode sobrevir em pacientes severamente hipovolêmicos e hipoxêmicos, com acumulação de fluidos nos pulmões.
  • Dermatológicas: o contato com o vapor pode levar à irritação da pele, com eritema notável, enquanto o contato com o produto líquido causa isquemia e ulceração devido ao frio (frostbite).
  • Oculares: a irritação evolui para o lacrimejamento, a opacificação da córnea e sua perfuração tardia.
  • Hematológicas: em casos severos, pode haver hemólise suscetível de criar embolias em capilares pulmonares. Pode haver ainda hemoconcentração, metahemoglobinemia, anemia e supressão medular. Leucocitose e coagulopatias também tem sido reportadas.
  • Gastrintestinais: náuseas e vômitos aparecem comumente, e, em altas exposições, o fosgênio tem uma ação citotóxica direta sobre o fígado, causando necrose e perda funcional.
  • Renais: como no fígado, em altas exposições, o fosgênio tem uma ação citotóxica direta sobre os rins, causando necrose e perda funcional.
Efeitos crônicos
As exposições crônicas a baixos níveis de fosgênio têm sido relacionadas com o surgimento de um processo inflamatório pulmonar crônico, com destruição alveolar e prejuízo da funcional.
Não há informações a respeito de risco reprodutivo. O fosgênio não é classificado como carcinogênico.

Diagnóstico
O diagnóstico da intoxicação aguda por fosgênio é eminentemente clínico, baseado na história de exposição e sinais de irritação e dificuldade respiratória. Os níveis de fosgênio plasmático não são clinicamente úteis para o diagnóstico, contudo, exames complementares são importantes na monitorização dos pacientes e para avaliar complicações. Deve-se monitorar os gases sanguíneos (gasometria e oximetria) e a função pulmonar e cardíaca. Telerradiografias de tórax seriadas devem ser efetuadas. Devem ser solicitados de rotina, ainda, a dosagem de eletrólitos e da glicemia, e a realização de eletrocardiograma.
O diagnóstico diferencial se faz com a Febre dos Fumos Metálicos, principalmente se a intoxicação pelo fosgênio ocorre durante a soldagem ou outro processo relacionado com esta síndrome.

Tratamento
O tratamento do paciente intoxicado por fosgênio consiste em:
  • Remover o paciente da exposição;
  • Aplicar medidas de suporte à vida;
  • Fazer oxigenioterapia/ventilação assistida;
  • Manter a vítima aquecida, pois pode haver hipotermia;
  • Remover as roupas contaminadas e lavar cuidadosamente a pele, com água corrente em abundância e sabão neutro;
  • Lavar o olho com soro fisiológico ou água por pelo menos 15 minutos. Remover lentes de contato, caso sejam facilmente removíveis, sem causar um trauma adicional ao olho. O uso de colírio anestésico pode ser necessário. Encaminhar para avaliação oftalmológica.
  • Tratar broncoespasmo com broncodilatadores;
  • Em caso de reação inflamatória pulmonar intensa, deve-se usar corticosteróides;
  • A antibioticoterapia profilática não é recomendada rotineiramente;
  • Monitorar função cardíaca e gasometria arterial;
  • NÃO há antídoto específico;
  • Tratar queimaduras químicas como queimaduras térmicas;
  • Aportar o tratamento sintomático necessário e de suporte;
  • Manter a vítima em uma unidade de tratamento intensivo.
Pacientes assintomáticos, desde a admissão até 48 horas da exposição, podem receber alta com orientações.
3. Gases asfixiantes

A. Gases asfixiantes simples

Butano
O butano é um gás combustível, derivado do petróleo, incolor, inodoro e altamente inflamável. Seu principal uso é como gás de cozinha, mas também é utilizado em sistemas de refrigeração como propelente, na síntese de outras substâncias e na fabricação de gasolina.

Toxicocinética
A absorção do butano ocorre por inalação. Ele é metabolizado pelo sistema microssomal hepático e transformado em seu álcool correspondente, o butanol.

Toxicodinâmica e Quadro Clínico
O butano é um gás asfixiante simples. 
Pode causar:
  • Diminuição da acuidade visual e da visão noturna;
  • Alteração no sistema nervoso central, com cefaléia, sonolência, tontura, distúrbio do humor, confusão mental, perda de memória, incoordenação, narcose e depressão;
  • Anomalias respiratórias, como irritação, dispnéia, broncoconstrição, edema, cianose e asfixia;
  • Distúrbios cardíacos, com sensibilização do miocárdio, taquicardia, arritmias, hipotensão e isquemia;
  • Sintomas gastrintestinais, tais como náuseas e vômitos.
Diagnóstico
O diagnóstico é dado pela história de exposição e o quadro clínico.

Tratamento
O tratamento do paciente intoxicado por butano consiste em:
  • Remover o paciente da exposição;
  • Adotar de medidas de suporte à vida;
  • Instaurar a oxigenioterapia;
  • Monitorar a função cardíaca e a gasometria arterial;
  • Tratamentar os sintomas e estabelecer suporte das funções vitais.
O carvão ativado NÃO está indicado.
B. Gases asfixiantes químicos

Monóxido de carbono

O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor, insípido e não irritante, subproduto da combustão incompleta de combustíveis orgânicos.
É comumente encontrado em grandes concentrações nas emissões de incêndios, de motores a explosão e da indústria siderúrgica. Destaca-se a possibilidade de emissões ricas em monóxido de carbono em queimadores de gás sujos ou defeituosos. Motores de carros são emissores importantes, a ponto de o monóxido de carbono ser considerado um dos principais poluentes do ar atmosférico pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

Quadro 2 – Fontes mais comuns de monóxido de carbono no ambiente urbano.
Tipo de combustível
Fonte de emissão de CO
Gás
Fornos
Motores de combustão a gás
Aquecedores residenciais
Caldeiras
Derivados de petróleo
Motores à explosão mal regulados

Combustíveis sólidos

Fogões e fornos à lenha
Incineradores
Fogueiras
Tabaco
Solventes
Cloreto de metileno*
*Solvente de tintas que, se ingerido ou inalado, é metabolizado em monóxido de carbono, provocando intoxicação.
Adaptado de Varon JR, MPE: Carbon Monoxide Poisoning. Fonte: SANTOS, 2003


Cerca de 3500 mortes por ano são atribuídas à intoxicação por monóxido de carbono nos Estados Unidos, sendo esta a principal causa de morte por envenenamento naquele país, assim como a principal causa de morte relacionada a inalantes. Estima-se que, nos EUA, em 1996, 10.000 pessoas receberam atenção médica e perderam ao menos um dia de trabalho devido ao envenenamento por monóxido de carbono. A mortalidade relacionada a estas intoxicações situa-se entre 1 a 2%, podendo atingir índices de 31%.

Toxicocinética
O monóxido de carbono é rapidamente absorvido pela via respiratória e eliminado pela respiração, e sua taxa de eliminação depende de fatores como ventilação, fluxo sanguíneo pulmonar e concentração/pressão de oxigênio no ar inspirado.
A meia-vida do monóxido de carbono nos indivíduos é de 5 a 6 horas. Quando se administra oxigênio a 100%, esta meia-vida cai para 40 a 90 minutos. Na oxigenioterapia hiperbárica, ela se reduz para menos de 30 minutos.

Toxicodinâmica e Efeitos Clínicos da Intoxicação por Monóxido de Carbono
A teoria da toxicidade hipóxica tem sido tradicionalmente aceita para explicar os efeitos adversos do monóxido de carbono. Foi sugerida por Haldane, e é o mecanismo mais bem estudado, apesar de ter sido criticada por alguns autores. Outras teorias tentam explicar os possíveis mecanismos fisiopatológicos envolvidos, destacando-se a isquemia e a lesão por reperfusão.

A Teoria Hipóxica
A hipóxia é o mais bem conhecido e o mais aceito mecanismo de lesão pelo envenenamento por monóxido de carbono. Os possíveis mecanismos envolvidos são:
  • Diminuição da capacidade de transporte de oxigênio pelo sangue arterial;
  • Alteração das características da curva de dissociação de oxihemoglobina, com conseqüente diminuição do aporte de oxigênio para os tecidos;
  • Diminuição da respiração celular pela combinação do monóxido de carbono com o grupo heme do citocromo a3 (grupo de proteínas, contendo um átomo de cobre no grupo hemo, que fazem parte do sistema transportador de elétrons das mitocôndrias e agem como coenzimas intermediárias da cadeia respiratória celular);
  • Ligação com a mioglobina, causando potencial disfunção do músculo miocárdico e esquelético.
O mecanismo de toxicidade do monóxido de carbono mais bem delineado é a sua capacidade de ligação competitiva nos sítios dos grupos heme da hemoglobina. Este efeito é magnificado pelas propriedades alostéricas da hemoglobina: sua estrutura tetramérica sofre uma mudança na sua conformação quando o monóxido de carbono se une a um dos seus quatro sítios, e o resultado é o aumento da afinidade pelo oxigênio dos sítios restantes.
Representação da uma molécula de monóxido de carbono ligada a uma molécula de hemoglobina (carboxihemoglobina). O monóxido de carbono e o cianeto ligam-se ao mesmo sítio. 
Fonte: Santos, 2003.
O monóxido de carbono combina-se preferencialmente com a hemoglobina para produzir carboxihemoglobina (COHb), o que resulta na redução da quantidade de oxigênio (SO2 = saturação em oxigênio) presente no sangue arterial. Esta ligação é reversível, porém muito mais estável quando comparada à associação hemoglobina-oxigênio. Tem uma velocidade de dissociação 1500 vezes mais lenta do que a da oxihemoglobina, com uma afinidade 200 a 300 vezes maior pela molécula de heme. Este fato, aliado à mudança de afinidade da hemoglobina parcialmente carboxilada pelo oxigênio, altera a curva de dissociação da hemoglobina para a esquerda e muda sua forma de sigmóide para hipérbole. O resultado final é que surge uma molécula de hemoglobina inadequada para liberar oxigênio para os tecidos. O sistema nervoso central responde a estas alterações aumentando o esforço respiratório e o volume-minutoaumento da ventilação), o que leva o pulmão a captar mais monóxido de carbono e, conseqüentemente, elevar os níveis de carboxihemoglobina. Aparece, então, uma alcalose respiratória (pH sangüíneo > 7,4), que acaba por desviar a curva de dissociação da oxihemoglobina ainda mais para a esquerda. O resultado é a hipóxia tissular.

Isquemia
Além da hipóxia, o monóxido de carbono pode causar lesões devido à alteração da perfusão tissular. Modelos animais e observações em seres humanos indicam que a hipotensão é produto da combinação da depressão miocárdica, das arritmias ventriculares e da vasodilatação periférica, e pode ser muito mais importante na gênese de lesões neurológicas do que a hipóxia. Nos modelos animais de envenenamento por monóxido de carbono foi observada uma hipotensão progressiva, fundamentalmente como resultado da vasodilatação periférica.

Lesão por reperfusão
Muitas das lesões observadas no envenenamento por monóxido de carbono são similares àquelas encontradas nas lesões por reperfusão, e os danos cerebrais são reproduzidos experimentalmente quando a hipóxia por hipoxemia precede um intervalo de isquemia. A geração de radicais livres durante a reperfusão é apontada como um dos principais componentes da lesão cerebral pós-isquêmica. Já foi observado que o monóxido de carbono provoca peroxidação. Thom, Fisher e Manevich formularam uma hipótese que pode explicar os efeitos tardios dos envenenamentos pelo monóxido de carbono, aventando que o monóxido de carbono ativa os polimorfonucleares, que fazem diapedese e causam peroxidação direta dos lipídios cerebrais. Corrobora a isto o fato de que, logo após a exposição ao monóxido de carbono, se observa o seqüestro de leucócitos pela microvasculatura cerebral.

Considerações sobre outros mecanismos possivelmente envolvidos
O monóxido de carbono une-se à mioglobina do miocárdio e do músculo esquelético da mesma forma que se une à hemoglobina. A mioglobina cardíaca tem afinidade três vezes maior pelo monóxido de carbono do que a esquelética. A dissociação da carboximioglobina é menor que a da carboxihemoglobina, devido a um aumento da afinidade da mioglobina pelo monóxido de carbono, causada por alterações alostéricas. Tem-se observado um “efeito rebote”, com regressão tardia dos sintomas agudos e novo aumento dos níveis circulantes de carboxihemoglobina, alguns dias depois da exposição ao monóxido de carbono. Isto se deve, presumivelmente, à lenta liberação do monóxido de carbono pela mioglobina, e posterior combinação com a hemoglobina.
Ainda que se tenha evidenciado a ligação do monóxido de carbono com o citocromo P450, não foi demonstrada, até o presente momento, nenhuma conseqüência fisiopatológica.
Observações recentes suscitam a teoria de que o monóxido de carbono provocaria efeitos psiquiátricos diretos por alterar a função dopaminérgica e serotoninérgica no sistema nervoso central. Isto poderia explicar, por exemplo, as alterações de comportamento precoces e o déficit de aprendizado tardio observado em experimentos com ratos.
A hemoglobina fetal se liga ao monóxido de carbono de forma mais ávida que a hemoglobina A. Isto, aliado ao fato de que o transporte transplacentário de monóxido de carbono é relativamente lento, tem como conseqüência a queda muito mais lenta dos níveis de carboxihemoglobina no feto do que na mãe. Portanto, deve-se levar em conta o risco de anomalia ou morte fetal, mesmo nas exposições maternas a níveis moderados ou baixos de monóxido de carbono.

Quadro Clínico
O quadro clínico da intoxicação pode ser classificado em leve, moderado e grave.
Intoxicações agudas leves por monóxido de carbono cursam com: mal-estar, cefaléia, fadiga, dispnéia leve, náusea, vômitos, fraqueza, distúrbios visuais e irritabilidade. Sinais agudos que podem ser encontrados: taquipnéia, taquicardia, hipotensão.
Intoxicações moderadas podem apresentar, além dos sinais e sintomas anteriores, cefaléia intensa, vertigens, astenia, dificuldade de concentração, escotomas brilhantes, diminuição da tolerância ao exercício físico. Os sinais, além dos anteriores podem ser acrescentados de febre baixa e hipotensão sistólica. Raramente podem ocorrer convulsões ou perdas de consciência, geralmente de curta duração.
Intoxicações graves podem cursar com síncope, convulsões, rigidez muscular generalizada, coma e morte por choque e insuficiência respiratória. Podem também ocasionar hemorragias na retina e edema pulmonar. Estes pacientes apresentam, com maior freqüência, complicações arritmias cardíacas, como extra-sístoles e fibrilação atrial e ventricular.


Para saber mais: http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia